'Funerárias pet' ressignificam o luto e oferecem velório e cremação: 'Ato de amor eterno', diz diretor

  • 15/05/2025
(Foto: Reprodução)
Empresas especializadas no noroeste paulista humanizam o luto de tutores com cerimônias de despedida para cães, gatos e outros pets. Psicóloga explica a importância dos velórios no processo da perda. ‘Funerárias pet’ ressignificam o luto e oferecem velório e cremação para animais de estimação no noroeste paulista Divulgação Em tempos em que os pets ocupam um papel muito importante nas famílias, as cerimônias de despedida desses companheiros de quatro patas também se transformaram. Em São José do Rio Preto (SP) e Araçatuba (SP), empresas têm oferecido serviços de velório e cremação que se assemelham, em estrutura e sensibilidade, aos realizados para humanos. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp As cerimônias oferecem conforto a tutores enlutados, com espaços preparados para o último adeus, cuidados com o corpo do animal e até cartas de despedida personalizadas. Para além da homenagem, especialistas afirmam que o processo ajuda na elaboração do luto e proporciona uma forma digna de encerrar o ciclo de vida dos animais. Com 35 anos de história, o Jardim da Paz criou uma nova empresa em Rio Preto, a partir de conversas com tutores que queriam uma despedida mais digna para seus animais. Segundo o diretor Moacir Antunes Junior, de 64 anos, a empresa realiza mais de 92 cerimônias de despedida por mês, atendendo a uma demanda crescente por velórios e cremações. “Percebemos que os pets deixaram de ser apenas animais de estimação. São membros da família, e merecem uma despedida cercada de amor, respeito e cuidado”, afirma Moacir. Em Rio Preto, os planos para este serviço podem chegar até R$ 1.120,00. Reprodução A cerimônia pode incluir leitura de cartas, moldagem da patinha em argila e ambiente com iluminação suave. Aproximadamente 98% dos tutores optam pela cremação, enquanto o sepultamento, agora permitido por lei municipal, representa 2% dos atendimentos. A assessora de comunicação Marcela Simão Pinoti, de 60 anos, passou por quatro despedidas. Para ela, o cuidado com os detalhes, desde a forma como os corpos foram recolhidos até o acompanhamento psicológico oferecido, foi essencial para que o luto pudesse ser vivido de forma mais leve. “Foi um alívio saber que estávamos sendo amparados por pessoas que compreendiam a dor da perda”, conclui. Marcela realizou o velório da Maria, Ciça, Mila e Sophia. Arquivo pessoal Já em Araçatuba, uma empresa oferece o velório incluso na contratação da cremação individual. A gerente geral Vanessa Onofrillo, de 49 anos, explica que o objetivo é proporcionar uma homenagem respeitosa aos pets, que são preparados com higiene, escovação e acomodados em caminhas personalizadas por gênero. “Muitos consideram seus pets como filhos. Nosso trabalho é feito com muito respeito, dignidade e amor, como se fossem nossos”, comenta Vanessa. A empresa realiza de 15 a 20 velórios por mês, atendendo diversos tipos de animais, de cães e gatos a coelhos e chinchilas. Um dos diferenciais é a entrega de uma cartinha personalizada escrita como se fosse pelo próprio pet, o que frequentemente emociona os tutores. Nesta empresa, a finalização do atendimento contempla: certificado de cremação, relicário (contendo os pelinhos do pet), as cinzas do animal e uma cartinha de despedida do pet direcionada ao seu tutor. Reprodução A aposentada Maria Ignez Moreira, de 65 anos, que se despediu dos cães Dolfn e Pretinho com a ajuda da empresa, lembra do cuidado recebido. “Nos sentimos bem por ter esse momento de despedida”, pontua. As cerimônias duram em média de 30 a 60 minutos, dependendo da empresa. Enquanto em Rio Preto há a possibilidade de cortejo até o jazigo da família para sepultamento, em Araçatuba a única opção é a cremação, já que não há cemitério pet na cidade. Dolfn e Pretinho estiveram na família de Maria por 8 e 16 anos, respectivamente. Arquivo pessoal A diarista Claudenice Pereira da Silva, de 42 anos, que utilizou o serviço duas vezes em Araçatuba, destaca a importância do ritual no enfrentamento da perda. “Foi uma experiência verdadeira. Tudo foi feito com cuidado e sensibilidade. Me ajudou a superar”, compartilha. Claudenice guarda as cinzas de suas cachorrinhas Minnie e Mel. Arquivo pessoal 🕊️Luto legítimo A psicóloga Andreiza Elaina Pereira Martinez, de 39 anos, reforça a importância de reconhecer o luto pet como legítimo e necessário. Segundo ela, o sofrimento pela perda de um animal pode ser tão intenso quanto o de um ente querido. “Para muitas pessoas, os animais de estimação são parte da família. A partida do animalzinho gera um sofrimento real e significativo, e o ritual de despedida contribui para elaborar esse luto de forma saudável”, explica. Andreiza destaca que ainda há muito preconceito e desinformação em torno do luto por animais, o que pode levar os tutores a reprimirem suas emoções. “Muitas vezes, quem está sofrendo pela perda de um pet ouve frases como ‘era só um cachorro’ ou ‘compra outro’, o que invalida o sentimento e agrava o sofrimento”, pontua. Ela ressalta que o processo de despedida simbólica, como cerimônias, cartas de adeus ou a entrega das cinzas em urnas personalizadas ajuda na ressignificação da perda e oferece um espaço legítimo para expressar a dor e evitar impactos psicológicos que o luto mal elaborado pode causar. “Negar a dor ou não ter um espaço de escuta pode desencadear quadros de ansiedade, depressão e até isolamento social. Por isso, é fundamental acolher esse sofrimento com empatia, inclusive em espaços terapêuticos”, afirma. Lei municipal Desde agosto de 2024, uma lei municipal permite o sepultamento de animais em cemitérios públicos de Rio Preto. De acordo com a prefeitura, já foram realizados 13 sepultamentos até o momento. O procedimento exige apresentação de laudo veterinário, documentos do tutor e pagamento de taxa no valor de R$ 85,13. O animal precisa pesar até 80 kg e deve ser acondicionado em embalagem adequada, conforme determina a legislação. Em tempos de vínculos cada vez mais profundos entre humanos e animais, o cuidado com o fim da vida dos pets também reflete a evolução das relações afetivas. Seja em cerimônias simples ou elaboradas, tutores encontram nesses rituais uma forma de dizer adeus com dignidade. “É um ato de amor eterno”, resume Moacir Antunes. Cemitério São João Batista em São José do Rio Preto (SP) TV TEM / Rogério Pedrozo *Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2025/05/15/funerarias-pet-ressignificam-o-luto-e-oferecem-velorio-e-cremacao-no-noroeste-paulista-ato-de-amor-eterno-diz-diretor.ghtml


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