Vespa ataca e paralisa aranha-caranguejeira em SC; veja vídeo

  • 06/05/2025
(Foto: Reprodução)
Cena foi registrada por observador de aves próximo à Serra do Rio do Rastro e mostra a brutal eficiência da cavalo-de-cão, conhecida por sua picada extremamente dolorosa. Vespa ataca e paralisa aranha-caranguejeira em SC; veja vídeo O que era para ser mais uma manhã tranquila de observação de aves em Lauro Müller (SC) acabou se transformando em um flagrante impressionante da vida selvagem. No dia 14 de abril, o observador de aves e guia ambiental João Paulo Durante registrou uma cena impactante: uma vespa cavalo-do-cão enfrentando uma caranguejeira. “Estava sozinho observando aves quando ouvi um barulho forte de asas. Olhei para o chão, a uns dois metros de mim, e vi essa batalha acontecendo. Foi uma surpresa daquelas”, relata João, que atua há quatro anos com turismo ambiental e pedagógico na região. A cena, segundo ele, é até comum com aranhas menores, mas esta foi a primeira vez que testemunhou o ataque a uma caranguejeira – conhecida na região como “Aranhuçu”. Vespa ataca e paralisa aranha-caranguejeira em SC João Paulo Durante/VC no TG João, que é apaixonado pela natureza desde criança, reconheceu imediatamente o comportamento: “Eu já sabia que essas vespas caçam aranhas, mas nunca tinha visto com uma tão grande. Estar na natureza com frequência aumenta muito as chances de presenciar esses momentos únicos”. A “cruel” estratégia da vespa caçadora A vespa cavalo-do-cão (família Pompilidae), também chamada de vespa-do-diabo, marimbondo-cavalo ou vespa-caçadora, é famosa por um motivo: sua picada é considerada uma das mais dolorosas do reino animal. Segundo o entomólogo César Favacho, especialista em insetos, essas vespas estão espalhadas por todos os biomas do Brasil e são verdadeiras especialistas em caçar aranhas. Picada da vespa cavalo-do-cão (família Pompilidae) é considerada uma das mais dolorosas do reino animal João Paulo Durante/VC no TG “O curioso é que a picada da vespa fêmea não tem a ver com a alimentação dela mesma. O veneno serve para imobilizar a presa, geralmente uma aranha, que depois servirá de alimento para a larva. As vespas adultas, na verdade, se alimentam de néctar”, explica o pesquisador. Favacho detalha que o ataque é cirúrgico: “Elas picam pontos específicos do corpo da aranha para paralisá-la sem matá-la de imediato. Em seguida, depositam um ovo sobre o corpo da presa – que pode ser enterrada ou deixada à vista, dependendo da espécie. Quando a larva eclode, começa a se alimentar do interior da aranha ainda viva”. Segundo ele, esse comportamento só é possível porque as aranhas são capazes de sobreviver por longos períodos sem se alimentar. “Isso permite que a larva da vespa tenha uma fonte fresca de alimento por dias e não de um bicho em decomposição”. Dor extrema, mas sem risco grave Apesar da picada dolorosa, as vespas caçadoras não são agressivas e só picam em caso de ameaça ou defesa. “O ferrão está presente apenas nas fêmeas e é uma ferramenta tanto de caça quanto de proteção. Nos humanos, o efeito do veneno se limita a dor intensa e inchaço, sem risco de morte para pessoas não alérgicas”, explica Favacho. A picada dessa vespa está no nível mais alto da Escala Schmidt de dor — uma classificação que vai de 1 a 4, criada pelo entomologista norte-americano Justin O. Schmidt. A picada da vespa 'caçadora' de aranha está no nível mais alto da Escala Schmidt de dor — uma classificação que vai de 1 a 4 João Paulo Durante/VC no TG “Ele se deixou picar por dezenas de espécies para criar essa escala. No caso da vespa cavalo-do-cão, a descrição era algo como sentir uma descarga elétrica intensa ou como se o sangue estivesse fervendo”. César conta que existem vespas menores da mesma família que carregam as aranhas para seus ninhos, às vezes até arrancando pernas das presas para facilitar o transporte. Já as maiores conseguem carregar a aranha inteira. “Há casos em que a aranha consegue contra-atacar e picar a vespa também. Nessas situações, a luta pode terminar com as duas paralisadas ou até mortas”. Natureza viva aos olhos atentos O vídeo feito por João Paulo não só revela a brutalidade da cadeia alimentar natural, como também ressalta a importância de pessoas atentas e apaixonadas pela biodiversidade. Existem cerca de cinco mil espécies de vespas da família Pompilidae espalhadas pelo mundo e algumas delas predam aranhas menores, como a da foto César Favacho “É por isso que eu gosto de estar sempre no mato, observando. A gente nunca sabe o que vai encontrar. A natureza sempre tem algo para nos mostrar”. Para o entomólogo, registros como esse são preciosos: “São momentos como esse que ajudam a divulgar e valorizar o comportamento de espécies pouco compreendidas. E mais: reforçam a importância da conservação dos ambientes naturais, onde essas interações acontecem todos os dias – mesmo que quase ninguém veja, conclui. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2025/05/06/vespa-ataca-e-paralisa-aranha-caranguejeira-em-sc-veja-video.ghtml


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